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quinta-feira, 9 de junho de 2011

PostHeaderIcon Amor pelas quadrilhas une diferentes gerações no Pará



Pará - Chapéus de palha bailando no vento, tranças e marias-chiquinhas ornamentadas com travessas cheias de flores e fitas, roupas bufantes cheias de cor e movimento. Lá vem a quadrilha exalando energia pelo terreiro do arraial. Tradição nas festas juninas, as quadrilhas de danças tinham tudo para ser apenas mais uma manifestação cultural do mês de junho. Mas, com tanta dedicação e entrega, se tornaram parte da vida dos brincantes, que, apesar das dificuldades, encaram uma rotina de ensaios e um orçamento apertado para dançar o São João. Para esses apaixonados, muito além do que consta no calendário, o mês junino é o capítulo mais colorido de suas histórias de vida.


“A quadra junina é o meu coração. Sempre digo que quero morrer no mês de junho e ser enterrado com uma roupa de quadrilha. Mas, enquanto eu estiver vivo, sempre vou estar envolvido em tudo o que eu puder”, diz o diretor de comunicação e eventos da quadrilha Renovação de São João, Olivar Lourinho. A quadrilha da qual ele faz parte completou 10 anos esse ano. A faixa etária dos 40 brincantes que irão se apresentar neste mês varia de 18 a 45 anos. Até a primeira semana de julho, o grupo vai encarar mais de 15 concursos e apresentações públicas. Em agosto, após a quadra junina, eles já se reúnem para discutir o São João do ano que vem, enfrentando a mesma rotina de preparação das escolas de samba.

Desde janeiro, o grupo vem se preparando com ensaios de segunda a sábado, sempre no horário da noite, pelo fato de a maioria dos brincantes cumprirem uma rotina de estudos e trabalho. Apesar de a maior parte das apresentações ser em Belém, eles ainda irão colocar o pé na estrada rumo aos interiores do Estado. O figurino começa a ganhar cor e forma através de um trabalho manual da própria quadrilha, mas é a costureira que faz o acabamento final. Na roupa, fitas coloridas e um colete com patchoulis tingidos. Parece simples, mas só de material o grupo gastou cerca de 10 mil reais.

“A principal dificuldade é a parte financeira. Trabalhamos com apoio e temos poucos apoiadores. A gente mesmo tem que tirar do próprio bolso para poder comprar o material. Fazemos rifas e festivais de sorvete, de tacacá, para poder arrecadar dinheiro”, destaca Madalena Lobato, diretora de finanças da quadrilha. Nos concursos, os prêmios em dinheiro variam de R$ 100,00 a R$ 2.000,00. Valor que nem compensa os custos que o grupo tem para colocar um trabalho de qualidade nas ruas.

TRADIÇÃO FAMILIAR

A quadrilha Hiper na Roça é tradição na família dos irmãos Brasil. Há 21 anos, o grupo sobrevive entre o prazer e as barreiras, se mantendo através de recursos próprios e do apoio da comunidade. “Fazer cultura em Belém tá muito difícil, a gente faz porque é uma paixão, mesmo”, pontua o presidente da quadrilha, Cláudio Brasil. “Quem diz que tem quadrilha por fins lucrativos é mentira. É tudo por amor ao São João”, comenta Márcio Brasil. A Hiper na Roça ensaia em uma academia alugada na Pedreira. Este ano serão 32 brincantes vestindo um traje que custa R$400,00 cada. Ao todo, eles vão investir 15 mil reais. Além das dificuldades financeiras, nesse São João o grupo quase desfez a quadrilha por questões culturais. “Os brincantes não querem mais dançar música junina, só aparelhagem. Acho que as escolas estaduais deveriam incentivar a dança e os próprios concursos oficiais podiam cobrar mais tradição”, conta Jones Brasil. Ele ainda acrescenta que jargões como “anarriê”, “alavantu” e “balancê”, já não são mais tão usados como antes. A Hiper na Roça coleciona mais de 200 troféus de concursos, é pentacampeã no concurso da Prefeitura e tetracampeã no concurso do Estado.

O bailarino Henrique Pacheco, 25 anos, dança em quadrilhas desde adolescente. Mesmo após anos de prática, a animação e o entusiasmo são os mesmos. “A expectativa tá a mil, o traje e a coreografia estão perfeitos. A expectativa esse ano é fazer o nosso melhor e ser reconhecido”, afirma. Para participar de grupos juninos, alguns atributos são indispensáveis. “É preciso ter boa vontade, dedicação, companheirismo e união, porque antes de ser uma quadrilha é uma família.”, confirma Madalena.

Nayara Pantoja, de apenas 6 anos, vai dançar pela primeira vez na quadrilha mirim Roceiros de São Miguel. “Fico muito feliz quando danço, me divirto, faço amizades. Quero dançar sempre, até quando eu estiver grande”, conta. (Diário do Pará)


Fonte: Diário do Pará
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1 comentários:

Anônimo disse...

As quadrilhas do Pará estão de parabéns, só queria dizer que também no interior do Pará, precisamente em Cametá, as quadrilhas juninas passam as mesmas dificuldades e continuam pelo amor em participar do São João.

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